Festa de Nossa Senhora do Fetal

Painel de Azulejos de Roque Gameiro
Painel de Azulejos de Roque Gameiro
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A Lenda da Senhora do Fetal

(…) A Festa da airosa e pitoresca povoação de Reguengo do Fetal, a dois passos de Leiria, Batalha e Fátima, sobre o Gracioso outeiro, donde se pode disfrutar surpreendente panorama, com a concha do Reguengo aos pés e flanqueado pela estrada coleante que das bandas do ocaso conduz a Fátima, encontra-se situado um dos mais devotos e vetustos santuários marianos de Centro do País – Nossa Senhora da Fé ou do Fetal.

A encantadora e ingénua história da origem deste templo corre ainda hoje viva, de boca em boca, entre os moradores e vizinhos desta terra, cheia de gloriosas tradições cristãs.

E reza assim:

“Era uma vez uma pastorinha, que apascentava o seu rebanho pelas encostas áridas e ermas do Reguengo. Em ano de grande e apertada estiagem, andava ela, um dia no cabeço, onde agora se encontra o santuário de Nossa Senhora e, vendo-se ela cheiinha de fome, as suas ovelhinhas tísicas de todo, só com pele e osso, sem febra de verdura para retouçar, encheu-se de tristeza e largou-se a chorar.

Erguendo do regaço o rosto magoado e com os olhos inundados de lágrimas, viu com surpresa, no meio dum tufo de fetos, uma estranha Senhora, que lhe falou assim:

- Porque choras tu, minha menina?
- Tenho fome….
- Vai pedir pão à tua mãe.
- Já lho pedi, mas ela não o tem.
- Vai a tua casa, - insistiu a senhora – e, torna a dizer-lhe que te dê pão. Dize-lhe que uma mulher te mandou dizer-lhe que está pão na arca.

 

Efetivamente, verificou-se que a arca estava inexplicavelmente cheia de fresco e saboroso pão, que mais parecia ter sido amanhado por mãos de anjos do que por um hábil padeiro.

Voltando de novo, já satisfeita e alegre ao sítio onde a senhora aparecera. Eis que a pastorinha mais uma vez a pôde ver e com ela dialogar, recebendo dos seus lábios a seguinte mensagem:

- Dize à gente do teu lugar que Eu sou a Mãe de Deus e quero que, no sítio deste fetal, me edifiquem uma ermida, na qual eu seja louvada e venerada.

A fama do caso espalhou-se com a rapidez de um relâmpago e logo ali acorreu, em justificado alvoroço, grande e esperançada multidão, achando naquele sítio uma pequenina e mistérios imagem de Nossa Senhora, e junto dela, uma fonte miraculosa, com cujas águas se começaram a alcançar graças do céu.” (…).

 

Origem do culto

A tradição oral e a tradição escrita dizem sensivelmente a mesma coisa a respeito de nossa Senhora do Fetal. Assim, o “couseiro” diz que a pastorinha “ em tempo de grande esterilidade e fome andava a guardar vacas” aquando da aparição; e o Santuário Mariano diz que guardava ovelhas: “ umas ovelhas que não seriam muitas (segundo essa terra entre fetais).

(…) Com o produto das promessas e outras esmolas, fácil e rapidamente se construiu uma pequenina ermida, onde se expôs à veneração dos fiéis a miraculosa imagem ali encontrada.

Ignora-se em que época se deu a aparição, bem como a data de construção da primitiva ermida de Nossa Senhora do Fetal.

Mais tarde em 1585, edificou-se um templo mais amplo e mais sumptuoso, onde acorriam, em tempos idos e durante todo o ano, grandes e numerosas levas de peregrinos, alguns vindos de muitas léguas de distância; e aonde ainda hoje afluem numerosos devotos, principalmente na Quaresma, a cantar o terço do Rosário, no mês de Maio, a ofertar flores; e nos, fins de Setembro, até ao primeiro Domingo de Outubro, a preparar com solene novena a tradicional festa de Nossa Senhora do Fetal, que se celebra nessa data. O maior atrativo, deveras espetacular desta festividade, reside nas deslumbrantes iluminações dos caracóis.

O Rei D. Duarte confirmou esta provisão antiga de confraria que, autorizava a colheita de esmolas, para manter o culto.

Teve este santuário de Nossa Senhora do Fetal dois capelães para atender os peregrinos e celebrar todos os dias duas missas e, por provisão de D. João III, era distribuído um bodo aos Confrades e Mordomos.

D. Maria I, por provisão de 1791, autorizou uma Feira Franca no 1º Domingo de Outubro.

O Bispo de Leiria, D. Manuel de Aguiar, aplicou no Hospital, que dele tomou o nome, boa parte das ofertas feitas pelos fiéis, ao Santuário de Nossa Senhora do Fetal e, por isso, mandou da Sé de Leiria para ali, a título de compensação, dois artísticos altares com retábulos de talha e colunas salónicas.

No mês de Maio de 1896, D. José III, Cardeal Patriarca de Lisboa, ordenou ali preces públicas de AD PETENDAM PLUVIAM, a que se associaram as freguesias circunvizinhas, nomeadamente a de Fátima, alcançando do Céu chuva abundante para os campos.

Em memória deste acontecimento. Concedeu o venerando Antístite 200 dias de indulgências a quem rezasse uma “Salvé Rainha” diante de Nossa Senhor ado Fetal.

A Senhora do Fetal tornou-se, assim, um dos santuários mais conhecidos e mais visitados de todas as redondezas. (…).

 

A senhora, sentada num escabelo está coroada com coroa aberta.

Tem o menino sobre o joelho esquerdo e ampara-o com a mão, também esquerda, colocada nas costas da pequenina imagem.

A mão direita está junto do pé esquerdo do menino. Este, sentado muito à vontade tem o mundo na mão esquerda e a direita parece brincar com o pé do mesmo lado.

O cabelo é dourado. Tronco, braços e pés estão descobertos.

Em volta da cintura observa-se uma faixa branca, meio coberta com o manto da senhora.


Todo este conjunto foi esculpido em pedra branca, muito abundante na região o qual mede 30 X 12 cm.

A ESCULTURA É PERFEITA. Ignora-se a data da sua feitura e o seu autor (se é dos princípios do Século XVII, como alguns supõem, esta não é a primitiva).

A pintura que ainda hoje se vê, foi a que D. José de Lencastre, Bispo de Leiria mandou fazer a um religioso da Arrábida.

 

Património Histórico, Arquitetónico e Religioso

Igreja de Nossa Senhora dos Remédio – Igreja Matriz

A Igreja de Nossa Senhora dos Remédios foi mandada edificar por D. Pedro, Prior-Mor de Santa Cruz de Coimbra, no Século XVI, em 1512. Da sua construção primitiva ainda restam alguns arcos em cantaria posto a descoberto nos alçados laterias. No princípio do Século XX foi transferida para este templo, a capela batismal do Mosteiro da Batalha.

Localização: Largo da Praça da Fonte no Reguengo do Fetal
Época de construção: Séc. XVI
Estilo: Maneirismo/ Barroco/Revivalista e reconstrução no Séc. XVIII
Tipologia: Arquitetura Religiosa
Classificação: Interesse público
Utilização: Igreja Matriz


Ermida de Nossa Senhora do Fetal

A Ermida de Nossa Senhora do Fetal foi construída em 1585, “ com as esmolas dos fiéis christãos”, segundo uma inscrição entretanto desaparecida. No local existiu outra ermida da qual não existem vestígios. Nos finais do Séc. XVIII, este edifício foi revestido a azulejos vindos da Fábrica do Juncal.

Localização: Cemitério do Reguengo do Fetal
Época de construção: Séc. XVI
Tipologia: Arquitetura Religiosa
Classificação: Interesse público
Utilização: Ermida

 

Painel de Azulejos de Roque Gameiro

Em 1905 foi colocado pelo promotor das obras, Padre Manuel Carreira Ramos um painel de azulejos. Este quadro representa a aparição de Nossa Senhora à pastorinha.

Foi feito na fábrica de Sacavém onde também tinha sido feito o azulejo para o acrescento do santuário

O seu autor foi o mestre Roque Gameiro.

 

Casa dos Romeiros

Inicialmente, este edifício tinha como finalidade o acolhimento dos Peregrinos que se deslocavam à Ermida da Nossa Senhora do Fetal, nesta localidade. Atualmente é utilizada para apoio às festas e romarias, eventos, apoio logístico aos escuteiros que aqui acampam, etc.

Localização: Rua de nossa Senhora do Fetal, junto ao Cemitério do Reguengo do Fetal
Época de construção: Séc. XVII
Tipologia: Arquitetura civil
Utilização inicial: Casa de peregrinos que se deslocavam à ermida de Nossa Senhora do Fetal
Utilização atual: Apoio a festas e a eventos

 

Capela da Memória

Localização: Próximo do cemitério de Reguengo do Fetal
Época de construção: 2ª metade do Séc. XVII
Tipologia: Arquitetura religiosa
Classificação: Valor Concelhio
Utilização: Capela

O meu itinerário

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